Empresária mineira fatura com receita própria de queijos veganos

De uma coalhada que deu errado a um faturamento de R$ 100 mil por mês e uma marca de queijos veg consolidada no mercado. Essa é a trajetória da mineira Virgínia Cândida, de Jeceaba – na região Central do estado –, que passou de apenas consumidora a empresária bem-sucedida do ramo vegano no Brasil.

A Viveg, empresa de laticínios veganos de Virgínia, surgiu logo após a empresária se tornar adepta ao movimento lá em 2014. Ao BHAZ, ela conta que começou a sentir muita falta do queijo, que, em sua versão tradicional, é feito com o leite da vaca.

“Naquela época, não tinha nada, a única coisa que tinha era um purezinho de batata no mesmo formato do queijo”, relembra Virgínia. Frustrada com as opções que tinha, a empresária decidiu tentar uma receita própria de queijo, utilizando leites vegetais.

Virgínia já havia aprendido a fazer queijo minas tradicional com a mãe, em Jeceaba. O desafio da empresária foi adaptar a receita ao leite vegetal mantendo o sabor dos queijos de que ela gostava.

Em busca da receita perfeita

“Fiz um primeiro teste com leite de amendoim para tentar fazer a coalhada do queijo e é claro que isso não aconteceu. E aí eu pensei em tentar fazer de outro jeito e, no segundo que testei, quis fazer o gorgonzola, que era meu favorito”.

“Coloquei o mofo que eu estava fazendo direto em uma massa com menos água e esperei cinco semanas. Em cinco semanas aquele queijo ficou pronto e lindo, aí eu levei para Jeceara para comer com meus pais e eles amaram”, lembra Virgínia.

Com o sucesso da receita, Virgínia decidiu compartilhá-la em um grupo do Facebook voltado para veganos. De um dia para o outro, a postagem recebeu mais de quatro mil comentários, todos curiosos sobre o processo do queijo.

Curso de queijo vegano

Por se tratar de uma receita que exige uma série de cuidados especiais e um longo tempo de maturação, começaram a surgir convites para que Virgínia desse cursos de como fazer o queijo, lá em 2017.

Depois de viajar Brasil afora ensinando a fazer o queijo, a empresária começou a vender peças para fazer a iguaria. “Comecei a entender que eu precisava de um espaço para fazer os queijos, então abri uma fábrica em Jeceaba com a ajuda dos meus pais”.

“Comecei a aumentar a produção dos queijos para vender nos cursos e, nesse período, conheci alguns alunos e muitos quiseram virar sócios. Trouxemos a fábrica de Jeceaba para Belo Horizonte, com uma capacidade muito maior de produção e nessa mesma época abri uma fábrica lá em Recife”.

De acordo com a empresária, os cursos continuam, em sua maior parte no formato on-line, para manter o foco na produção dos queijos. Hoje, a empresa vende manteigas, queijos finos e para o dia a dia, além de iogurtes. Tudo vegetal e sem sofrimento animal.

Faturamento de R$ 100 mil por mês e só mulheres no front

“O principal é o ingrediente que a gente usa. Nós preparamos o leite de castanha, nossos fermentos são veganos, as bactérias são cultivadas no meio vegetal … a nossa empresa é toda vegana”, diz Virgínia Cândida.

Mesmo tendo enfrentado os percalços do período pandêmico, que prejudicou inúmeras empresas Brasil afora, hoje, a Viveg fatura R$ 100 mil por mês. Os produtos são vendidos on-line, na fábrica em BH e em diversos empórios no Brasil.

“A gente enfrentou muita dificuldade, a própria burocracia em BH acabou sendo muito maior do que em Jeceaba. Houve muita dedicação das nossas colaboradoras, que são todas mulheres, para que a gente conseguisse superar todos os desafios”, declara.

O visível crescimento de produtos de origem vegetal no mercado tem ligação direta com o sucesso da empresa de queijos veganos de Virgínia. “Entendo como um reconhecimento ao nosso trabalho. Costumo brincar que não temos clientes, temos fãs”.

Crescimento do movimento vegano

De acordo com dados da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), uma pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) aponta que, em 2018, 14% da população do Brasil se declarou vegetariana.

Esse número representa quase 30 milhões de pessoas que se declararam adeptos ao vegetarianismo. Quanto ao número de veganos, a SBV considera, por analogia, um levantamento no Reino Unido. por aqui, seria o equivalente a 7 milhões de veganos. “Temos que dos 30 milhões de brasileiros vegetarianos, cerca de 7 milhões seriam veganosem 2018″, afirma a SBV.

Quanto ao setor de alimentos lácteos vegetais, o volume de consumo de leites dessa natureza vem crescendo em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a ingestão de leite de aveia cresceu 478%.

O que é veganismo?

Segundo a SVB, o veganismo é um movimento em que se evita, “na medida do possível e do praticável, excluir todas as formas de exploração e crueldade contra os animais – seja na alimentação, vestuário ou outras esferas do consumo”.

Quem pode fazer a dieta vegana

Segundo a American Dietetic Association (ADA), a dieta vegetariana bem planejada é indicada, com segurança, para todas as fases da vida, inclusive para gestantes, mulheres na lactação, bebês, crianças e adolescentes, satisfazendo as necessidades nutricionais e promovendo o crescimento adequado.

Onde comprar queijos da Viveg

Para comprar os queijos veganos da Viveg basta acessar o site oficial da empresa ou entrar em contato pelo WhatsApp (31) 7170-0013. As entregas são feitas em todo o Brasil. Se você é de BH ou está passando pela capital e quer comprar um laticínio da Viveg, a fábrica vende produtos pronta entrega. O endereço é Rua Alves Pinto, 99 – Grajaú.

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