Na abertura da Expoqueijo, deputados avaliam avanços e desafios para comercialização do produto típico mineiro.
Leite cru, pingo (fermento lácteo) e sal. Com apenas três ingredientes e uma receita ancestral, passada de pai para filho, se produz uma iguaria que faz parte da tradição culinária e da memória afetiva de todos os mineiros: o queijo minas artesanal.
O produto é celebrado em Araxá (Alto Paranaíba) durante a Expoqueijo, exposição que foi aberta nesta quinta-feira (4/11/21) com a presença dos deputados da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Durante quatro dias, o evento promove palestras, debates, degustações e um concurso para escolher o melhor queijo minas artesanal. Para os produtores, é uma vitrine para os negócios, mas também uma oportunidade de chamar a atenção para a necessidade de revisão da legislação que regulamenta a comercialização do queijo.
Para Reykma Leite, que vende os queijos produzidos na fazenda da família no município vizinho de Sacramento, é preciso uma nova regulamentação que abarque todos os tipos de queijo de leite cru. “O queijo defumado, por exemplo, não poderia ser vendido”, ilustrou. A Fazenda Caxambu produz oito variedades de queijo, e um deles, o Senzala (com mofo branco), venceu o concurso mundial realizado na França em 2017.
O presidente da Associação do Queijo Minas Artesanal (Amiqueijo), João Carlos Leite, reconhece que houve avanços na legislação, mas defende que as regras de inspeção sanitária precisam ser atualizadas. Segundo ele, o produto artesanal não pode se submeter às mesmas exigências feitas aos industrializados.
Deputados destacam importância de avançar no respaldo legal da produção
O 1º-vice-presidente da ALMG, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), lembrou que, desde 2012, quando foi sancionada a Lei 20.549, de sua autoria, a regulamentação do queijo artesanal possibilitou o crescimento da comercialização e o reconhecimento da qualidade do produto mineiro, inclusive em premiações internacionais.
O parlamentar avalia que é preciso avançar na legislação, de modo a atender às demandas do setor. “O maior desafio é levar assistência técnica para 30 mil produtores. Grande parte desse público ainda não tem acesso a isso”, afirmou.
O deputado Bosco (Avante) também defendeu adequações na legislação, de modo a diferenciar os produtos artesanais dos industriais. Ele lembrou a importância cultural e econômica do queijo minas artesanal. “Os produtores rurais, mesmo enfrentando dificuldades, têm feito um dos melhores queijos do Brasil na nossa região”, disse.
Durante a solenidade de abertura da Expoqueijo, o governador Romeu Zema assumiu o compromisso de fazer tudo o que for possível para simplificar a legislação tributária, ambiental e sanitária do queijo minas artesanal. “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, para que esse produto não precise ser comercializado na clandestinidade”, garantiu.
Fontes tiradas : almg.gov.br