Estreando uma versão compactada, a edição de 2023 do Minas Láctea, concentrou suas atividades no Instituto de Laticínio Cândido Tostes (Epamig/ILCT) e foi encerrada na quinta-feira (20). A maior Feira de laticínios da América Latina teve como tema: “Inovação e Gourmet”. A programação foi composta por palestras, degustações comentadas, harmonizações, cursos e debates sobre alternativas para a cadeia produtiva.
Pela primeira vez, segundo a organização, o evento abriu espaço para os queijos artesanais mineiros, por meio de estandes, apoiados pelo Sebrae-MG, com exposição de produtos de nove regiões produtoras e de três arranjos produtivos locais (APL). O encerramento contou com a premiação do 46º Concurso Nacional de Produtos Lácteos, que avaliou produtos de 68 laticínios, divididos em 12 categorias.
Na avaliação do coordenador-geral do Minas Láctea, Clenderson Gonçalves, o novo formato contribuiu para uma maior aproximação entre o público e área técnica, por meio de interações que demonstraram como a ciência está presente na fabricação desses alimentos e como isso contribui para a qualidade dos produtos. Ele ressaltou que as degustações comentadas foram um dos pontos melhor avaliados pelos visitantes. “Os retornos que tivemos do público são para ampliarmos esses espaços nas próximas edições”.
O coordenador da Exposição de Produtos Lácteos (Expolac), Nelson Tenchini, comentou que a edição atraiu mais o público consumidor. “As pessoas que estiveram aqui para visitação e degustações realmente tinham interesse no aspecto gastronômico, queriam experimentar e saber mais sobre a combinação entre os lácteos e diferentes produtos. Recebemos realmente o cliente final”.
Outro ponto comemorado pelos produtores de queijos artesanais foi a possibilidade de apresentar e comercializar os produtos durante o evento. Ressaltando não só a possibilidade de expor a produção com suas texturas e sabores, mas também a relevância deles na história do Estado e do país.
Os queijos artesanais também ocuparam posição de destaque na programação técnico-científica do evento, como detalhou o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Leite e Derivados da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Junio de Paula. Ele frisou que a Epamig ILCT foi uma das primeiras instituições a pesquisar esses produtos. “E hoje, eles têm ganhado cada vez mais importância em Minas Gerais, tanto que se tornaram uma política de Estado. Trata-se de algo complexo que envolve uma série de questões sobre caracterização, pesquisa, segurança microbiológica e boas práticas. Grande parte dos projetos da Epamig ILCT, atualmente, são sobre esse tema”.
O pesquisador foi um dos palestrantes do Congresso Nacional de Laticínios, apresentando projeto sobre monitoramento da qualidade de queijos artesanais das regiões mineiras de Alagoa, Mantiqueira, Campo das Vertentes e Serras da Ibitipoca. “Estamos sempre indo às queijarias artesanais de várias cidades e, agora, decidimos aproveitar esse momento do Minas Láctea para chamarmos os produtores para estarem mais próximos de nós. Tivemos palestras muito ricas nesta quinta-feira, em que participantes puderam ver os resultados de pesquisas recentes sobre os queijos artesanais. Além disso, tivemos minicursos lotados com uma repercussão muito boa. O retorno está sendo fantástico”, conclui.
A professora-pesquisadora da Epamig ILCT e uma das coordenadoras científicas do Congresso Nacional de Laticínios e da Semana do Laticinista, Denise Sobral, comemorou o fato de que o público superou as expectativas da comissão organizadora. “O congresso e a semana foram grande sucesso, inclusive tivemos público além do esperado e as salas de minicursos ficaram lotadas”.
Mote do evento, o tema inovação baseou programação voltada para o empreendedorismo no setor de lácteos, com palestras que apresentaram a visão de grandes indústrias, como o laticínio Piracanjuba, e de pequenos produtores, como o caso da ex-aluna da Epamig ILCT, Maria Lúcia Resende, produtora de queijo artesanal da região de Campo das Vertentes, que começou do zero e hoje acumula prêmios nacionais e internacionais.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado do estande, sempre lotado ao longo do evento, com pessoas interessadas, buscando informação a todo tempo. Foi uma programação bem completa na qual tentamos cercar toda a cadeia do leite, com participações envolvendo pesquisa, indústria e produção artesanal”, ressaltou a chefe da Divisão de Inovação, Parcerias e Projetos da Epamig, e uma das coordenadoras da Tenda de Inovação, Cristiane Ladeira. Ela destacou ainda a participação do Sistema InovaLácteos, liderado pela Agência de Inovação Polo do Leite e composto por núcleos de inovação das Universidades Federais de Lavras (Ufla), Viçosa (UFV), Juiz de Fora (UFJF), Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba.