Entre as nossas personalidades do queijo, já começamos a contar aqui no Portal sobre a Gilson Sales, um grande especialista em Queijo Minas Artesanal e superintendente da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, em entrevista concedida ao Portal do Queijo ele contou um pouco mais sobre suas experiências, confira a primeira parte dessa entrevista aqui.
Qual o objetivo da legislação da agroindústria familiar?
Como se trata de um público muito específico e com demandas próprias, essa legislação aborda de forma mais intensa a educação sanitária. O Estado percebeu que era necessário um trabalho estruturado, não apenas com o Queijo Minas Artesanal, mas com agroindústria familiar como um todo, envolvendo outros produtos como o leite, carne, ovos, mel, pescado e seus derivados.
Como é a sua função enquanto Superintendente?
Componho a equipe que trabalha com o desenvolvimento e apoio da agroindústria em MG, nos setores de origem animal e vegetal. No caso específico do queijo, estão sendo trabalhadas algumas demandas, entre elas a atualização da legislação e o desenvolvimento de programas voltados ao Queijo Minas Artesanal. O superintendente exerce uma função técnica, ou seja, trazendo subsídios e conhecimentos específicos que auxiliam na elaboração de políticas públicas adequadas e efetivas.
O que você nota de diferente na parte de produção de queijo da época que você começou para hoje?
A mudança é muito significativa. Naquele momento, quando começamos a trabalhar, discutíamos a qualidade microbiológica do queijo para ele ser cadastrado e a necessidade de se conseguir mercado diferenciado. Hoje estamos em um patamar de discussão diferente, de formas de maturação diferenciadas, locais de maturação e características físico-químicas do queijo. Essa evolução se deu porque o Queijo Minas Artesanal se consolidou, prova disso é o reconhecimento como Indicação Geográfica de algumas regiões.
Qual o maior desafio no mercado de queijos?
Do ponto de vista do produtor é adequar à legislação e oferecer para a população um produto de qualidade com preço competitivo. Na ótica do poder público, creio que seja fortalecer a cadeia do Queijo Minas Artesanal em todas as regiões de Minas Gerais, dando um destaque nacional para o Estado, como fornecedor de um produto cultural e tradicional.
O Brasil tem reconhecido cada vez mais o nosso queijo. O que você espera desse mercado para o futuro?
O mercado tende a aumentar muito. A variedade de queijos no estado igualmente tende a aumentar, inclusive, os que são elaborados com leite de outras espécies de maneira artesanal, como os queijos de leite de cabra e ovelha também devem passar a fazer parte do nosso cotidiano. Dessa forma, naturalmente, virão políticas públicas que fortaleçam o setor.
O que você diria para o produtor superar os desafios diários e crescer como tantos que estão se destacando?
É importante que o produtor tenha consciência de que o seu produto tem importância, representa a cultura de uma região e de um estado, mas que o que determina e faz um queijo ter qualidade, sobretudo, é a matéria-prima. Portanto, a qualidade do leite continua sendo o ponto mais importante da cadeia para um bom queijo. O processo de maturação também é importante, permite que o produtor tenha um produto diferenciado e com características próprias.
Confira a primeira parte desta entrevista aqui. Acompanhe Gilson Sales pelo Instagram @gilsondeassissales