Premiado em grandes festivais até internacionais, produtores mineiros ainda precisam esconder os queijos tão desejados para não terem suas mercadorias confiscadas na hora de embarcar para qualquer viagem fora do estado e para o exterior.
Quando se fala em queijos artesanais no Brasil, Minas Gerais logo vem na cabeça, afinal, muitos dos queijos produzidos manualmente no interior do estado já ganharam inúmeros festivais nacionais e internacionais e, são usados por grandes chefes de cozinha do mundo inteiro. Porém, no Rock in Rio 2017, a vigilância sanitária do Rio de Janeiro impediu a venda destes produtos em um estande do festival.
Mais de 160 quilos desta especiaria foram parar no lixo. A chef Roberta Soudbrack foi quem teve o maior prejuizo, cerca de 400mil. Em entrevista para o G1, Roberta disse que enviou a ficha técnica dos alimentos, com informações sobe a procedência e a produção do produto e que os organizadores do evento autorizaram a venda. “É um momento difícil para mim como profissional. Fomos tratados como se estivéssemos fazendo algo errado, como se estivéssemos carregando malas de dinheiro. Foram truculentos. Não podemos ser tratados assim. Foi abuso de autoridade”, contou.
Requisitos necessários
No estado, muitos dos queijos que são produzidos manualmente têm o selo de inspeção estadual, porém, não tem o selo de Serviço de Inspeção Federal (SIF), algo que vem sendo muito questionado pelos produtores mineiros pela burocracia dos órgãos federais.
Vale a pena lembrar que a produção desta iguaria foi registrada como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), apesar disso, os fabricantes ainda sofrem com a continência para vender os seus produtos.
Luta pela regulamentação
Apesar do fato da proibição dos queijos no Rock in Rio, o assunto mobilizou vários chefes de cozinha e mestres da gastronomia em defesa da regulamentação da especiaria, pois serviu para chamar a atenção do país e do Ministério da Agricultura para darem mais importância ao setor.
“Será importante reconhecer também nossas pesquisas. Porque é a partir delas que avançamos na legislação. Por exemplo, só podemos reduzir o tempo de maturação do queijo se tivermos pesquisas que mostrem que isso é seguro”, explica o secretário de Estado da Agricultura de Minas Gerais, Pedro Cláudio Coutinho Leitão.
Os produtores buscam avanços para regulamentação destes queijos artesanais e se mobilizam para cobrar avanços na regulamentação e pedem mais rapidez do Ministério da Agricultura para discutir o tema. “Esperamos que o governo federal reconheça a capacidade da fiscalização nos estados. Hoje, um produto já certificado em Minas, por exemplo, não serve no estado vizinho. Algo sem lógica, que depende de uma regulamentação do Ministério da Agricultura”, explica o produtor de queijo e presidente da Comissão do Queijo Minas Artesanal, Túlio Madureira, que teve dois produtos premiados em festival na França, em junho.
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