Foi-se o tempo em que uma degustação de queijos e vinhos era um programa para poucos e de paladares mais refinados. Cada vez mais acessíveis, os queijos e vinhos marcam presença na mesa dos brasileiros com uma diversidade enorme de sabores e sensações.
Dois produtos de culturas milenares, queijos e vinhos formam um casamento convidativo, uma vez que é possível explorar diversas harmonizações entre eles. Ambos dependem do terroir no qual são produzidos, carregando consigo características de solo, de clima e tantas outras influências. Os dois também requerem técnica desenvolvida, conhecimento ancestral e muito trabalho no campo e no local de produção. Suas características são garantidas até mesmo pela legislação, que protege sua procedência.
Mas, mesmo com tanta acessibilidade, este “casamento perfeito” requer muita atenção e cuidados, para não evoluir para o litigioso. Unir dois produtos de muita tradição e personalidade em uma degustação é sempre um desafio e requer um mínimo de conhecimento sobre as especificidades de cada um.
Um dos erros mais comuns é pensar que basta juntar qualquer queijo e qualquer vinho que a festa está pronta. Um exemplo muito comum é pessoas reunirem, em uma tábua, cinco ou seis diferentes estilos de queijo e pretender que um único vinho seja capaz de harmonizar com todos. O resultado sempre é um tremendo fracasso.
O desafio neste tipo de harmonização é que a intensidade de aromas e sabores de um deles não elimine a do outro. Harmonizar significa que um vai valorizar o outro. Portanto, para não errar nos seus eventos, siga algumas harmonizações tradicionais e surpreenda seus convidados. Uma experimentação bem elaborada irá te proporcionar momentos de agradável aprendizado e de muitas descobertas sobre cada um.
As harmonizações tradicionais são as de espumantes (como o Champagne) com queijos brancos e moles; Gewurztraminer, Riesling e Sauvignon Blanc com queijos semi-moles; vinhos de sobremesa, como Porto Tawny, Sauternes ou Colheita Tardia com queijos azuis como Gorgonzola e Roquefort; Pinot Noir ou Montepulciano D´Abruzzo com queijos semi-duros maturados; Malbec ou Syrah do Novo Mundo com queijos duros como Parmesão e Grana Padano.
Ao contrário do que a maioria das pessoas está acostumada (uma mesa com diversos tipos de queijo de uma só vez), o ideal é servir um queijo de cada vez. Outra dica importante para você aproveitar ao máximo este momento é começar pelos mais suaves e terminar com os mais intensos e marcantes. Cada rodada será acompanhada pelo estilo de vinho que mais combina com aquele queijo. Entre cada rodada, sirva pães e frutas secas para limpar o paladar e preparar a boca para a próxima rodada. E jamais se esqueça de substituir as taças ou lavá-las a cada troca de rótulo.
Os queijos devem ser comprados o mais perto possível da data do evento e devem ser retirados da geladeira uma ou duas horas antes de serem consumidos. Já os vinhos devem ser deixados na geladeira por cerca de duas horas antes de servir, e, durante o serviço, devem ficar em baldes de gelo ou coolers.
Agora, é só se render aos encantamentos deste universo de sabores e aromas e programar bons momentos à mesa.
* Christóvão de Oliveira, consultor enológico do Verdemar; e Helena Castro de Sousa, fromagere do Verdemar.
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