Propostas apresentadas servirão para fomentar as cadeias produtivas de ponta a ponta e subsidiar o Governo de Minas na construção de políticas públicas mais direcionadas
Legislação intrincada e carência de mão de obra qualificada: esses foram os principais desafios das cadeias da cachaça de alambique e do queijo artesanal de Minas conforme estudo apresentado em dois workshops realizados essa semana pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) em Belo Horizonte.
O 1º Workshop da Cachaça de Alambique de Minas Gerais e o 1º Workshop do Queijo Artesanal de Minas Gerais, realizados respectivamente nos dias 5 e 6 de novembro, levantaram dezenas de propostas de ações estratégicas em dois dias de trabalho na sede da Epamig, em Belo Horizonte.
As discussões basearam-se em diagnósticos coordenados pelo professor doutor Gustavo Bastos Braga, da Universidade Federal de Viçosa. Foram entrevistadas pessoas ligadas a toda cadeia de produção nas principais regiões produtoras, desde o vendedor de insumos, passando pelo produtor, até o vendedor final.
O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, destacou o papel da cachaça de alambique e do queijo artesanal como expoentes dos produtos artesanais mineiros. Ele também ressaltou o grande apoio que o Governo de Minas vem dando ao setor, o que beneficia principalmente a agricultura familiar e pequenos produtores.
“Legislações menos burocráticas e mais práticas, bem como agilidade para registrar os estabelecimentos, têm dado uma nova conotação principalmente para o queijo, com as novas microrregiões e regulamentos. Por isso mesmo é importante esse encontro com técnicos e produtores, reunindo pesquisa, extensão e defesa sanitária, para fomentar cada vez mais essas cadeias e mostrar seu valor e importância na nossa economia”, analisou.
Imagem da cachaça
Um dos principais entraves apresentados no workshop da cachaça de alambique foram dificuldades com mão de obra. De acordo com o professor doutor Gustavo Braga, o médio produtor é quem mais enfrenta problemas. “Quando ele começa a crescer, a falta de mão de obra fica intransponível para ele”, contou.
A imagem negativa que ainda existe a respeito da bebida também é um desafio. Quando se pensa em “cachaceiro”, o que vem à mente das pessoas ainda é extremamente negativo. “Essa imagem pode ser revertida, pois produzimos um produto de alta qualidade. Assim como temos países como o México, que se orgulha de sua tequila, podemos fazer isso no Brasil, pois a cachaça é parte da nossa história e da cultura mineira”, analisa.
Legislação e união do setor
Quanto ao queijo artesanal, a necessidade de uma legislação mais moderna foi um dos principais apontamentos. A carência de mão de obra qualificada ao longo de toda a cadeia produtiva e a falsificação e adulteração de produtos também foi uma preocupação colocada nos debates.
As soluções propostas passam pela revisão da legislação vigente e do sistema tributário e treinamentos sobre o assunto para os produtores, conscientizando sobre os benefícios de cumprir a lei. O fortalecimento das associações e cooperativas também foi uma sugestão para reforçar as demandas dos produtores junto a órgãos públicos e instituições financeiras.
Ainda há outros pontos importantes, como a valorização do produto até pelo próprio consumidor final. “Ainda há muito o que evoluir nesse ponto, até mesmo quanto ao próprio conhecimento do consumidor sobre esse mercado. Podemos citar o café como exemplo de avanço nesse caso. Hoje o consumidor entende do assunto, degusta os produtos. A ideia é que isso se popularize no queijo também”, comentou Gustavo Braga.
As informações são da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Seapa / Assessoria de Comunicação | Janaina Rochido | Foto: Josiane Gonçalves