Nos dias 30/11 a 01/12, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), aconteceu o “Ciclo de Debates – Produtos especiais dos campos de Minas”. O objetivo do evento era divulgar produtos especiais e artesanais da agropecuária mineira como os cafés, vinhos, mel, azeite de oliva e queijo, além de debater a inserção dos produtos mineiros nos mercados nacional e internacional.
O principal ponto do debate foi quando questionaram o fim do cancelamento da agricultura familiar, na produção de queijo em Minas. Ou seja, para os pequenos produtores isso se tornou uma forma de dificultar ainda mais o seu trabalho. Além disso, foram discutidas a regularização e a comercialização do queijo artesanal mineiro fora dos limites de Minas Gerais.
Luta pela comercialização
Paulo Henrique de Almeida, gerente executivo da Associação do Queijo Canastra (Aprocan) e produtor do queijo Pingo do Mula, nos disse que a lei deve ser clara, pois os produtos não são ilegais para impedirem a sua comercialização fora do estado. Segundo ele, em Minas existem mais de 30 mil famílias produtoras de queijo, mas apenas 280 são cadastradas para a comercialização.
Ainda segundo Paulo, para que haja uma mudança é preciso que os produtores atuem mais próximos dos órgãos que são envolvidos nesses processos. “E também que as pessoas que cuidam destas leis tenham boa vontade de resolver essa legislação, pois o que eles vem fazendo até agora está errado. O processo é construído coletivamente e não somente de cima para baixo”, completa.
Outro detalhe que os produtores sempre batem na tecla é sobre as pesquisas feitas por várias instituições que provam que os seus queijos são de boa qualidade. Porém, segundo eles, os técnicos do estado envolvidos na legislação de produtos artesanais não reconhecem e isso acaba gerando um atraso sem necessidade para criarem uma nova legislação.
Reinaldo Antônio de Lima, da Associação dos Produtores de Queijo de Araxá e produtor do queijo Sítio Real, disse que os queijos não podem sair do estado e vê isso como um atraso, sendo necessário ter uma flexibilidade para o produtor trabalhar. “É preciso ter uma legislação própria para facilitar a comercialização dos queijos artesanais. Os fiscais exigem o cumprimento de padrões sem dar qualquer orientação”, disse.
Queijos premiados
O evento também contou com vários queijos que foram premiados nacionalmente e internacionalmente, como o melhor queijo regional, o melhor queijo do estado, o melhor queijo super ouro a nível nacional, sendo eles queijo Sítio Real e o queijo Senzala, que ganhou recentemente na França o prêmio de melhor queijo artesanal de massa prensada não cozida e o de casca florida (fungo), todos da microrregião de Araxá.
MG é maior produtor de leite e queijo
Dirceu Alves Ferreira, gerente técnico da Emater-MG, participou do evento e trouxe dados da pecuária mineira: 22,5 milhões de rebanho bovino, sendo 7,5 milhões de vacas produzindo 9,7 bilhões de litros de leite por ano (maior produção do Brasil), tendo à frente 350 mil pecuaristas. Quanto ao setor de queijo, ele disse que 276 queijarias têm certificado do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). “Todo o trabalho é feito para qualificar o produtor. Mas tem que haver o esforço de mudança na legislação federal”, concluiu.