Várias instituições estão juntas neste processo que já está tramitando no INPI.
Os queijos coloniais do Sudoeste estão ganhando o Brasil. Em recentes concursos realizados em São Paulo e Blumenau, as queijarias artesanais conquistaram medalhas de ouro, prata e bronze. Essas conquistas refletem o talento dos queijeiros artesanais e o trabalho da Associação dos Produtores de Queijos do Sudoeste do Paraná (Aprosud), que há anos vem trabalhando pelo reconhecimento do produto em nível regional, estadual e nacional. A intenção é conseguir o selo de indicação geográfica (IG) junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Neste processo estão juntas a Aprosud, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Sebrae-PR, Universidade Tecnológica (UTFPR), Sistema Cresol e o suplente de deputado Wilmar Reichembach (PSD), que conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa o projeto reconhecendo estes produtos artesanais como patrimônio cultural do Paraná. “O queijo colonial sempre fez parte dos produtos originários desde a criação dos primeiros municípios do Sudoeste. A forma de produção, a criação do gado leiteiro e das pastagens próprias da região fizeram com que o produto ganhasse características únicas e já renderam inúmeras premiações nacionais e internacionais, comprovando cada vez mais a qualidade do queijo produzido no Sudoeste e a dedicação dos produtores”, argumenta Reichembach.
Atualmente, o Sudoeste do Paraná conta com aproximadamente 60 queijarias formais e em torno de 100 iniciativas com potencial de legalidade. A região faz parte da Rota do Queijo Paranaense, que contempla queijarias em diferentes regiões do Estado, regularizadas por um dos sistemas de inspeção sanitária (SIM, Susaf, SIP, Sisbi e SIF), onde o turista pode buscar informações sobre o processamento dos queijos, degustar diferentes sabores e vivenciar momentos de lazer nas propriedades rurais, fomentando o turismo rural e possibilitando novos negócios aos produtores.
Um passo a mais
A chefe do Núcleo Regional da Seab de Francisco Beltrão, Denise Adamchuk, argumenta que o reconhecimento do queijo colonial do Sudoeste como Patrimônio Cultural do Estado é um passo a mais para a conquista do selo IG junto ao Ministério da Agricultura, um registro conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, com identidade própria. “Será um grande avanço para o Sudoeste, teremos o produto mais valorizado no mercado, com ainda mais qualidade e retorno ao produtor rural”, argumenta.
A Aprosud reúne 20 pequenas queijarias da região e o Sebrae lideram este movimento pela indicação geográfica junto ao INPI e com o apoio de outras instituições. Claudemir Ross, presidente da associação, mantém a Queijaria São Bento, em Chopinzinho. Formado em técnico agropecuária, Claudemir atuou entre 1991 e 2002 na área e decidiu voltar para o interior porque viu na fabricação de queijos coloniais uma oportunidade de negócio.
Nos anos 70 e 80 o leite não tinha valor comercial na região, a produtividade e a qualidade genética dos animais eram baixas. As famílias do interior tinham uma ou duas vacas de raças leiteiras. Na maioria das propriedades, antes da chegada dos laticínios, o excedente de produção era usado por muitas famílias para fabricação de queijo e venda ou escambo nas cidades.
Riqueza familiar
Claudemir conta que sua família vivia essa realidade. Os Ross tinham duas ou três vacas para ajudar a arar a terra e garantir o leite para a família. O excedente era usado para fazer queijos consumidos pela família, eram vendidos ou trocados por produtos na cidade. Os queijos eram feitos por sua mãe, dona Terezinha. Essa riqueza cultural não se perdeu, mesmo com a implantação dos laticínios na região, do aumento da produção e produtividade.
Claudemir conta que a Aprosud vinha trilhando esse caminho do reconhecimento do queijo da região e o Sebrae propôs o registro, primeiro, da marca coletiva e o segundo de indicação geográfica. “E nós, juntamente com todos os parceiros da Aprosud, tivemos essa concordância em transformar em indicação geográfica.”